segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Machado de Assis.




Hoje faz cem anos da morte deste que é considerado um do maiores autores Brasileiros.


Sou leitora e adoradora de seus textos. E como não podia deixar essa data passar incólume, reproduzo aqui um trecho de um dos livros que gosto muito [apesar que fica meio difícil dizer de qual gosto mais...]... enfim....



"AO LEITOR


QUE STENDHAL confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual, ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.

Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.


Brás Cubas"



CAPÍTULO PRIMEIRO /ÓBITO DO AUTOR


"ALGUM TEMPO hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco."



Trecho retirado de Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis.

Tempo...




Estava sempre ali. Estava sempre à disposição. Para quem precisasse. Para quem quisesse ver. Para o que viesse. Para o que desse.

Mas ninguém via. Ninguém queria ver... Precisar, precisavam... ah! Como era solicitado! Resolvia tudo para todo mundo. Entendia um pouco de tudo!

Incompreensão.

Fora apontado diversas vezes de não estar onde sempre esteve! Não fazer o que sempre fizeste... De se omitir do que somente ele sabia.

Cegueira conveniente! Isso mesmo! Só vêem quando lhes importam. Esqueceram que era também humano... Achavam que deveria estar lá sempre quando Eles desejavam, e não somente o quando era necessário [e possível, visto que também tem vida própria!].

Adoeceu.

Sentirão sua falta? Perceberão que não estava lá? Perguntarão por ele?

Talvez... talvez nos primeiros instantes de suas necessidades [que nem sempre são tão necessárias assim...].

Logo esquecerão. Tudo é questão de tempo. Tudo é questão de conveniência. A questão é até que se encontre substituto.

Ninguém é insubstituível.

Mas jamais se lembrarão do quanto ele se doou. Do quanto de tempo, aquele mesmo que faz as coisas se perderem, ele dedicou.

Próximo...

domingo, 28 de setembro de 2008

Ainda falando sobre a primavera...


Nas minhas andanças pela net, encontrei uma tira da Mafalda sobre a Primavera. Resolvi postá-la aqui no blog. [Deixo desde já aqui expresso meu gosto por esta personagem].


Ao ler tal tira, me pus a refletir sobre o significado desta estação que por ora se faz "presente" entre nós (sem deixar de comentar que o tempo anda meio 'louco' e, sinceramente, não sei se as estações climáticas ainda podem ser tão bem 'delimitadas'... mas isso é assunto para outro post)... Continuando... é o símbolo da vida, do renascer, de mais um ciclo que (re)começa...



Simples assim...

POEMINHA DO CONTRA

"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!"


Mário Quintana

Divagações pela Net...

Pensar, escrever, conversar consigo...

Acho que encontrei algo interessante... pena não mais ativado... enfim...

Mas vale a pena ler... encontrei alguém que pensa como eu também penso... mas que diferentemente de mim, escreve... ou melhor... consegue através de uns riscos no papel... ou na tela do computador... expressar o que pensa...

E você, o que acha?

Vale a pena ler o que este "magrelo topetudo de sapatos vermelhos" já escreveu...


Fui...

http://www.anonimoincognito.net/

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Olhando o Luar Literalmente!!!!


Gente!!!!! Somente hoje me dei conta que não contei aqui minha m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a experiência de Literalmente Olhar o Luar!!!

Isso mesmo!!! Fui com uma turma de alunos da escola na qual trabalho ao Observatório da UFMG na serra de Caeté, aqui em Minas. Foi lindo ver a lua de tão perto!...
Amei!

Vimos também Júpiter... Mas minha paixão é por ELA.... rsss...
Depois volto e conto com detalhes... por ora estou só de passagem, como já há algum tempo... muitas tarefas... fazendo pós-graduação... não sobra tempo pra escrever aqui e dar continuidade ao blog... snif....


E sonhe com ela...




Primavera




Cecília Meireles


"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.


Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.


Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.


Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.


Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim.


Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.


Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.


Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera."



Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.



segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Quanto Tempo!...



Somente hoje me dei conta do tempo que fiquei sem postar!