domingo, 30 de novembro de 2008

Lado B



Tela de Monet

Meu âmago é complexo e simples... Por mais paradoxal que possa parecer... Sim, sou um ser complexo, repleto de sentimentos que se misturam e se confundem... E que na simplicidade das pequenas coisas e dos pequenos gestos poderiam ser entendidos...

sábado, 29 de novembro de 2008

Preciso

"Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja, muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada, só você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone. Basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você."


Caio Fernando Abreu.

Sim, eu preciso e espero...

Por que a ausência?
Por que a impossibilidade?
Por que a não resposta?

Quero não pensar...
Mas o não querer pensar me faz pensar...

Melhor seria o não sentimento meu.
E o seu?
Nem precisa responder. O silêncio já diz...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Para um momento consigo.




"Quando você se sentir sozinho, pegue o seu lápis e escreva. No degrau de uma escada, à beira de uma janela, no chão do seu quarto. Escreva no ar, com o dedo na água, na parede que separa o olhar vazio do outro. Recolha a lágrima a tempo, antes que ela atravesse o sorriso e vá pingar pelo queixo. E quando a ponta dos dedos estiverem úmidas, pegue as palavras que lhe fizeram companhia e comece a lavar o escuro da noite, tanto, tanto, tanto... até que amanheça."


Rita Apoena.



P.s.: O título do post é meu, não tem a ver com a autora.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

(...)

(...)
"Quando te vi pela primeira vez sem jeito de repente te vi assim como se não fosse ver nunca mais e seria bom que eu não tivesse visto nunca mais porque de repente vi outra vez e outra e outra e enquanto eu te via nascia um jardim nas minhas faces..."

(Caio Fernando Abreu)

Para um alguém.




Por que isso? Por que apareceste se não irias ficar?

O destino nos prega peças que não podemos suportar. Quando o vi, senti uma satisfação tão grande! Parecia que eu ia explodir, meus sentimentos entraram em ebulição, não cabiam dentro de mim tão grandes e fortes eram. Não me pergunte a definição do que senti. Foram tantos! Alegria, satisfação, esperança!... Amor?...

Um rubor coloriu minha face. Não tive como disfarçar. Acho que alguém deve ter percebido. Sim, sempre tem alguém nos observando. Menos você. Torci, pedi aos Deuses que fizessem com que seu olhar procurasse pelo meu no meio daquela multidão!...

Você quase os ouviu, você quase... e ficou por aí... Ainda tentou, meio de relance, por entre as pessoas que caminhavam... E novamente quase... Ai, essa expectativa!... essa indefinição....

Parou! Você simplesmente parou e deixou a multidão caminhando sozinha, enquanto eu caminhava em sua direção. Queria eu que nossos olhares pudessem se cruzar, e que você então me visse!...

Mas justamente no momento em que estava perto, você está de costas...

Me acovardei. Não tive coragem de falar-lhe. De dizer um simples “oi, quanto tempo!”....

Agora estou aqui. Sofrendo calada. Querendo arrancar de dentro de mim toda e qualquer lembrança de você. Mas não consigo. Estou me sentindo sem forças... Tenho ao menos algumas gotas de esperanças...

De que talvez, os Deuses tenham ao menos sussurrado em seu ouvido qualquer coisa que te fizesse lembrar de mim...

Enquanto eu tento te esquecer...


"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas.Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos." (Clarice Lispector)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Simplesmente

Samuel Rosa e Chico Amaral

Simplesmente posso esperar
Aqui por você
Uma eternidade, uma tarde inteira
Simplesmente posso encontrar
Qualquer distração
Ruas da cidade restos de uma feira
Tomo um atalho no largo
Só para te perder
Enquanto olho os aviões
Nada tremeu no ar
Não vi nem um sinal
Mesmo assim eu posso esperar

Simplesmente posso esquecer
Da guerra ou da paz
Uma eternidade, uma tarde inteira
Calmamente posso contar
As nuvens no céu
Rostos na vidraça flores nesta praça
Desço a consolação só pra coincidir
Leio manchetes por aí
Nada tremeu no ar
Não vi nem um sinal
Mesmo assim eu posso esperar

Até deixar um recado na tarde
Uma simples saudade que você vai sentir
Quando sentar-se a mesa
Uma simples certeza
Que agora você que espera por mim



Canção maravilhosa na voz de Marina Machado. Vale a pena

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O regresso


Ao regressar a seu posto, pois havia muito tempo que se afastara, poucos eram os que efetivamente queriam saber como se sentia. Temos que ser honestos que muitos perguntaram. Nem que fosse por obrigação. Mas perguntaram.

Sentiram-se aliviados com sua presença. Que bom que ele voltara! Você fez falta! O salvador da pátria!

Mas ele não era o Cristo.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Casa do Lago




Desculpem-me, mas tive que remover este post! Algum professor(a) deve ter dado algum trabalho de análise do presente filme. Com isso, a procura por este meu post foi consideravelmente relevante nos últimos dias. Como sei do quanto as pessoas respeitam obras alheias, resolvi tirá-lo do ar. Caso algum colega seu apareça com algum trabalho mencionando inclusive o dicionário de Chevalier, não tenha dúvidas! Pode dizer ao seu professor(a) que seu referido companheiro(a) retirou o texto daqui. Agora, basta saber se deram os devidos créditos...

Sem mais...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008




(...)
Já não encontro o começo da meada,
não sei nem mesmo
se há uma ponta de saída,
ou se a loucura
vai num ritmo crescente
até subjugar a minha vida.
Não importa.
(...)

Flora Figueiredo

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Aquilo que a gente sente e que não conta para ninguém porque ninguém nos entenderia...




Essa imensa vontade de não sei o quê. Essa sensação que não sei descrever...

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Do Subjetivo.




Quando perguntaram-na o que sentia, não respondeu nada, não conseguia definir tantas eram as sensações. Apenas chorou, como há muito não fazia. Foi um choro sincero, doído, daqueles que vem do fundo da alma, sentido.

Disse que relutava há tempos para evitar aquilo. Aquilo o quê?

Sempre se manteve forte, sempre afirmava às pessoas que estava tudo bem, afinal de contas, precisava chegar até o final. Final de quê?

Mentia para si mesma. Muitas vezes não percebia que estava enganando-se. Acrediatava-se forte, capaz e todos os adjetivos sinônimos enfim. Ser forte, o que significa isso?

Nos primeiros instantes sentiu vergonha, uma imensa vergonha. Pediu desculpas.

No dia seguinte ouviu de um estranho que não devemos ter vergonha de chorar. Não devemos ter medo de mostrar ao outro que estamos sofrendo, que não estamos bem, que precisamos de ajuda, que precisamos que alguém nos ouça, que nos dê um colo, que nos acarinhe. Esse estranho chega a afirmar que o mal das pessoas de hoje é justamente não admitirem o que sentem.

E ela admitiu. Pelo menos naqueles instantes demonstrou que estava frágil. Não sei se outro a entendeu. Quem entende o que se passa com o próximo?

Mil coisas a atormentam a partir de então. Entendeu que a todo instante estava fugindo de si mesma, que na verdade relutava a conversar consigo, a dar-se um tempo, a ouvir-se. Passou a definir – pelo menos a tentar definir (se é que algo é totalmente definível nesta vida) – o que significa o final. Até que ponto podemos tentar atingi-lo sem esquecermos de nós mesmos, das pequenas coisas, dos pequenos gestos.

Pois ela chorou.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A Trégua.

"É evidente que Deus me concedeu um destino escuro. Nem sequer cruel. Simplesmente escuro. É evidente que me concedeu uma trégua. A princípio, relutei em acreditar que isso pudesse ser a felicidade. Resisti com todas as minhas forças, depois me dei por vencido e acreditei. Mas não era a felicidade, era apenas uma trégua. Agora estou outra vez metido em meu destino. E é mais escuro do que antes, muito mais."

BENEDETTI, Mario. A trégua. Porto Alegre, L&PM, 2008. p. 159.