domingo, 21 de junho de 2009

Marcos Assumpção e Florbela Espanca

Notícia:

"Os versos tristes e inconformados de Florbela Espanca ganharam versão musicada do violonista e compositor Marcos Assumpção. Com o CD A Flor de Florbela, ele traduz em melodias sentimentos cotidianos, descritos pela escritora portuguesa, que nasceu em 1894 e foi uma das precursoras do feminismo em seu país. Irrequieta, a poetisa foi a primeira mulher a frequentar curso de direito na Universidade de Lisboa e deixou como legado obra intensa. 'Ela falava de perdas, dor, esperança, tristeza, amores desfeitos e desejos. Achei na literatura dela uma forte relação com o que gosto de escrever e cantar', afirma o músico sobre o projeto que começou a tomar
forma há três anos."


Publicada no Jornal Estado de Minas, Caderno EM Cultura, em 21 de junho de 2009, p.6., por Janaína Cunha de Melo.

sábado, 20 de junho de 2009

O Tempo da Nossa Vida

Sábado à noite, nenhum compromisso, resolvo ficar em casa. Afazeres há aos montes. Mas resolvo dar um tempo neles e assitir a um pouco de televisão. Não é coisa comum. Não gosto muito dos programas, mas enfim... Às vezes é bom ficar "por conta do nada".

Acabei assistindo a novela das 9 (antigamente era das 8) - Caminho das Índias. A cena era a de Sr. Cadori - personagem de Elias Gleizer - dizendo ao filho Ramiro - personagem de Humberto Martins - que irá se casar com um antigo amor, dona Cidinha - personagem de Eva Todor. O que me chamou atenção não foi simplesmente o amor na terceira idade. Não. Mas o argumento, a fala que Cadori usou para justificar, se é que ele tinha que fazer isso, ao filho porque deve se casar:

"O tempo da gente só acaba quando a gente acaba também."

Pode não ser nenhuma fala "poética por demais", mas dá para tecer muito a partir do significado que ela representa. Quantas pessoas se deixam levar pelos obstáculos da vida, inclusive o obstáculo do tempo, pura e simplesmente com a desculpa de que não dá mais, não tenho mais idade para isso, etc., etc...

Pessoas não se permitem viver a vida com tudo de mais belo que ela traz. Não se permitem ser felizes. Enterram-se vivas.

Viver é perigoso. Já dizia o poeta**. Mas nem por isso temos que deixá-la simplesmente passar e esquecermos de nós mesmos. Dos nossos desejos. Dos nossos anseios.

Devemos ser como as crianças. Que sabem o que querem. Lutam pelo que acreditam. São singelas em suas feições. Sinceras consigo mesmas. Não traem seus sentimentos. Podem ter medos, sim, e são muitos. Medo do escuro, por exemplo. Mas ela sabe que tem alguém para cuidar dela. Que não estará sozinha. Ela se permite viver. Até o medo! Mas nem isso a faz parar. Sua curiosidade pela vida é muito maior! E depois daquele afago, naquele momento que suplicou pela ajuda, a sensação é muito melhor. E ela sabe que não precisa mais ter medo.

Algumas pessoas tem medo de viver. Constróem muros aos arredores de si mesmas, com os pré-conceitos que vão acumulando pela vida afora, e vão perdendo o brilho nos olhos que antes havia, perdem também a capacidade de se encantarem pelo simples.

Enquanto houver vida, tem que haver esperança!!!


** Quem disse foi Guimarães Rosa.

Imagem tirada daqui.