sábado, 20 de junho de 2009

O Tempo da Nossa Vida

Sábado à noite, nenhum compromisso, resolvo ficar em casa. Afazeres há aos montes. Mas resolvo dar um tempo neles e assitir a um pouco de televisão. Não é coisa comum. Não gosto muito dos programas, mas enfim... Às vezes é bom ficar "por conta do nada".

Acabei assistindo a novela das 9 (antigamente era das 8) - Caminho das Índias. A cena era a de Sr. Cadori - personagem de Elias Gleizer - dizendo ao filho Ramiro - personagem de Humberto Martins - que irá se casar com um antigo amor, dona Cidinha - personagem de Eva Todor. O que me chamou atenção não foi simplesmente o amor na terceira idade. Não. Mas o argumento, a fala que Cadori usou para justificar, se é que ele tinha que fazer isso, ao filho porque deve se casar:

"O tempo da gente só acaba quando a gente acaba também."

Pode não ser nenhuma fala "poética por demais", mas dá para tecer muito a partir do significado que ela representa. Quantas pessoas se deixam levar pelos obstáculos da vida, inclusive o obstáculo do tempo, pura e simplesmente com a desculpa de que não dá mais, não tenho mais idade para isso, etc., etc...

Pessoas não se permitem viver a vida com tudo de mais belo que ela traz. Não se permitem ser felizes. Enterram-se vivas.

Viver é perigoso. Já dizia o poeta**. Mas nem por isso temos que deixá-la simplesmente passar e esquecermos de nós mesmos. Dos nossos desejos. Dos nossos anseios.

Devemos ser como as crianças. Que sabem o que querem. Lutam pelo que acreditam. São singelas em suas feições. Sinceras consigo mesmas. Não traem seus sentimentos. Podem ter medos, sim, e são muitos. Medo do escuro, por exemplo. Mas ela sabe que tem alguém para cuidar dela. Que não estará sozinha. Ela se permite viver. Até o medo! Mas nem isso a faz parar. Sua curiosidade pela vida é muito maior! E depois daquele afago, naquele momento que suplicou pela ajuda, a sensação é muito melhor. E ela sabe que não precisa mais ter medo.

Algumas pessoas tem medo de viver. Constróem muros aos arredores de si mesmas, com os pré-conceitos que vão acumulando pela vida afora, e vão perdendo o brilho nos olhos que antes havia, perdem também a capacidade de se encantarem pelo simples.

Enquanto houver vida, tem que haver esperança!!!


** Quem disse foi Guimarães Rosa.

Imagem tirada daqui.

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